Pesquisar no blog

sexta-feira, 1 de março de 2013

Parte 02 e dicas. CASV e consulado. 2 dias em Recife

Esse post é a continuação deste aqui.
Continuando o post sobre o final do processo do visto americano, hoje irei falar cobre a ida ao Consulado em Recife, que aconteceu no outro dia a minha ida ao CASV. É evidente que esse é o dia mais aguardado para o solicitante. Além de ser quando você sabe definitivamente se seu visto foi aprovado (ou negado), você tem uma entrevista com um funcionário consular do governo americano. Depois de tanto ler sobre experiências dos outros em diversos sites da internet, sobre estar esperando horas em uma fila debaixo do sol nordestino e sobre detalhes de como são as coisas, chegou a minha vez de contar a minha experiência.

No dia anterior, ainda no CASV, meu pai perguntou a uma funcionária a distância dali até o consulado. Ela disse que são 10 minutos de carro. Isso eu já sabia, Google Maps para que né? Só que desde o momento que meu pai fez a reserva em um hotel na beira da praia, mais de 5km do local do consulado, fiquei receoso. Minha entrevista estava marcada para às 7h da manhã, horário de congestionamentos infinitos em qualquer cidade grande. Aqui em Aracaju mesmo, que não é tão grande como Recife, nesse horário o que mais tem é carro parado. Todo mundo querendo ir para o trabalho. Se aqui é assim, imagine lá? Eu tinha outra preocupação. A chave do carro do meu pai é eletrônica (daquelas de alarme), e é proibido portar qualquer aparelho eletrônico lá. Procurei na internet e a galera avisando que chave de carro também não era permitido. Eu avisei mas meu pai é daqueles do jeitinho brasileiro. Mas, jeitinho brasileiro em consulado americano?

Sai do hotel 6h25 e no caminho fui ficando mais aliviado. Os carros fluíam sem nenhum problema. As avenidas de Recife são largas e algumas de mão única. Antes de sair do hotel comi alguns pitstops e tomei um suco kapo para não ter problemas com fome, afinal o café da manhã no hotel era servido a partir das 6h e não daria tempo para eu comer bolos de rolo (rocamboles) e tapiocas suficientes para me satisfazer. Levei apenas 12 minutos do hotel ao consulado. Meu pai me deixou na porta para já ficar na fila enquanto ele procurava um local para estacionar.
Consulado-Geral dos Estados Unidos da América em Recife.
Não tirei nenhuma foto lá, por isso essa imagem é do Google StreetView.
Haviam 3 filas formadas na frente do consulado. Uma para quem marcou a entrevista para as 7h, outra para quem marcou para 7h30 e outra para 8h. Na minha fila tinha umas 7 pessoas. Mas ainda era cedo, havia apenas uma funcionária do consulado orientando as coisas e de vez em quando ela sumia. Meu pai não demorou muito e voltou. O esperto ficou sentado na calçada do outro lado da rua, lá tinha algumas cadeiras de um tiozinho que estava vestido de vendedor da kibon (veja ai na foto do StreetView ele no canto direito) e passava oferecendo guarda-sol, água, refrigerante e bancos. Ninguém naquele momento comprou nada e fingiam que o cara nem existia. Eu estava disposto, sem sede, o sol estava escondido atrás de um prédio na frente e não fazia calor, não tinha necessidade mesmo. Mas o vendedor passava com uma cara de vocês irão se redimir. Dito e feito. O Sol começou a sair do fundo do prédio que tem na frente do consulado aquecendo de uma maneira bem forte a galera que estava na calçada. Enquanto os outros se protegiam com os documento na frente do rosto, eu coloquei meu boné e fiquei lá de boas naquele calor. Sim, agora começou a fazer calor.

7h55 uns carros tops com placa azul começaram a chegar no consulado. Placa azul? No momento não sabia a quem era destinado esse tipo de placa, mas pensei logo no cônsul e funcionários do governo norte-americano. Também chegavam carros com placas cinzas, as normais que a maioria do carro tem. Esses eram de funcionários brasileiros. Antes de entrar no consulado o segurança de lá revistava o carro, conferia cada uma das portas e o porta malas para só depois liberar a entrada. Depois de entrar uns 10 carros, às 7h10 a funcionária apareceu de novo, ajeitando a fila. Novamente foi dado as instruções de que não poderia entrar com nenhum eletrônico. Perguntei sobre a chave do carro, e é permitido entrar com chave eletrônica de carro.

Atrás de mim tinha uma garota que ela parece não ser ligada nas coisas. Enquanto as pessoas estavam entrando e passando pelo detector de metais e a mulher avisando que é proibido entrar com celular, ela estava com o celular na mão! A garota perguntou se podia entrar com ele (depois de ser avisada várias vezes) à funcionária. Claro que a resposta foi não e a agente ainda disse que se a menina saísse da fila ela iria voltar para o final. Ai pronto, a menina se desesperou. Só que atrás dela tinha uma família para a entrevista, então a matriarca disse que ela poderia ir rápido no carro, deixar o celular e voltar para o mesmo lugar na fila. A menina foi deixar o celular no carro correndo. A sorte dela é que só entram de duas em duas pessoas na sala do raio X, o que atrasava um pouquinho a nossa entrada. A mãe da família foi compreensiva, mas a filha dela não. Ficou lá reclamando e com razão, afinal essa é uma das principais proibições, todo munda fala disso. NADA DE CELULAR NO CONSULADO. E O PIOR: Ela estava renovando o visto (descobri isso depois), ou seja, ela já tinha passado por aquele processo antes.

Entrada da salinha de Raio-X
foto: Google StreetView
Meu pai finalmente veio para a fila quando eu era o próximo a entrar. Outro funcionário conferiu meu passaporte e o formulário DS-160 ainda na calçada. Finalmente a hora de entrar no consulado chegou. Entrei na salinha de Raio X e adivinhem a foto de quem estava lá? Do tio Obama (claro) e do vice-presidente Joe Biden.


A salinha do Raio X é simples, tem apenas o aparelho de Raio X. É como nos aeroportos, você coloca seus objetos em uma bandeja (passaporte, documentos, boné, etc) e passa por um detector de metais. Tudo conferido, agora finalmente na área verde e aberta do consulado. E advinhem o que tem lá dentro? Uma máquina de Coca-cola! Na área externa também estavam as cadeiras que serviam como sala de espera. Mas antes de esperar você entra na seção consular e entrega o passaporte e o formulário DS-160 e recebe uma senha.

Voltei para a área externa com o meu pai e nos sentamos para aguardar. A menina que estava com o celular veio logo depois, meu pai ficou puxando assunto e eu só observando a movimentação dentro do consulado que era pequena, mas do lado de fora já tinha muita gente. Começaram a chamar as senhas. Na primeira chamada foram chamados cinco. Uns três minutos depois a funcionária voltou e chamou mais cinco, eu fui o último desse grupo. Até o momento só haviam brasileiros me atendendo, cadê a galera americana?

Entrei na parte interna do consulado e o clima de tensão foi aumentando. As portas de lá são pesadas e de metal. Logo na entrada já tinha uma fila para confirmar as digitais. Nessa fila, nas paredes, há quadros falando sobre a Route 66. Fiquei lendo essas informações e a tensão foi passando. Quando chegou minha vez na fila (super rápido), o agente estava atrás de um vidro blindado, pegou o passaporte e formulário e pediu para que eu colocasse 4 dedos da minha mão direita (exceto polegar). Quais dedos serão escolhidos isso varia de cada pessoa, o sistema escolhe aleatoriamente. Feito isso, ele me mandou virar a direita. Fui e meu pai atrás de mim, pensei que ia confirmar mais digitais ou algo assim e quando me vejo já estou cara a cara com uma agente consular americana, era a hora da entrevista.

Eram várias cabines e em cada uma delas a agente estava atrás de um vidro blindado falando por um microfone rouco. A pronúncia das palavras dela em um sotaque americano falando português junto com o ótimo microfone tornou o entendimento das palavras dela terrível. Eu estava com uma pasta de documentos indicados pela agência (não-obrigatório). Ela começou perguntando meu nome, minha idade, e o que eu ia fazer lá. Digitou meus dados no computador e perguntou quem ia custear minha viagem. Falei que era meu pai e apontei para ele. Me afastei um pouco para o lado e eles começaram a conversar. A agente perguntou em o que ele trabalhava, pediu para descrever a atividade dele, perguntou se tinha algum parente nos EUA, se era casado, o que minha mãe fazia e onde fazia. Algumas questões foram difíceis de explicar a ela, porque tudo que a gente falava ela sorria, balançava a cabeça e dizia ok e depois pedia para repetir porque não entendeu. Eu já estava ficando ansioso, quando depois de algum tempo sem perguntar nada ela fala: Matheus, seu visto foi aprovado!

Agradeci e fui embora. A saída é por outra porta, mas na mesma rua. Sai eram 7h35. Fui finalmente tomar um café da manhã decente e voltar para Aracaju.

Aqui vão algumas dicas:

  • Marque a entrevista no consulado para às 7h da manhã. Apesar de parecer cedo é o melhor horário porque é o primeiro. Seu grupo será o primeiro a entrar, e não precisa chegar tão cedo para ser um dos primeiros. Quando eu entrei no consulado às 7h da manhã a fila de 8h já tinha uma quantidade de gente considerável, a de 7h30 estava cheia. E quando eu sai, ainda não tinha nem entrado completamente a de 7h.
  • Não leve celular de jeito nenhum. Se quiser ir de carro não tem problema, tem um posto Shell próximo e as ruas que ficam perto é permitido estacionar. Só não é permitido estacionar no perímetro do consulado porque lá é Área de Segurança.
  • Esteja com os documentos em mão
  • Leve um boné, água e algo para comer se seu horário for muito tarde após sua chegada. Uma água de copo com o tiozinho é R$2 e não tem concorrência. Para trabalhar ali ele teve que pedir autorização ao governo americano.
Então é isso, aqui acabam os dois posts sobre os momentos finais da solicitação de visto. Qualquer dúvida não hesite em comentar, ajudarei no que eu puder.

Até o próximo post!

6 comentários:

  1. Você precisou apresentar alguma declaração da escola ou faculdade? E seu pai, precisou apresentar declaração de imposto de renda? Seu visto foi B1, B2 ou B1/B2?

    ResponderExcluir
  2. Eu levei o comprovante de matrícula da minha universidade e meu pai levou as declarações de imposto de renda dele e de a minha mãe. Mas ela não pediu nenhum papel, apenas perguntou, eu acredito que ela confiou em mim kkk. Meu visto é o B1/B2, e obrigado pela visita!

    ResponderExcluir
  3. O seu pai entrou com você porque era seu sponsor ou tava tirando o visto também?

    ResponderExcluir
  4. Porque era meu sponsor. Mas se por acaso eu fosse maior de 18 anos, não poderia entrar com ele.

    ResponderExcluir
  5. Muito legal seu post, conterrâneo Matheus. Bem esclarecedor, ótimas indicações, explicativo e simplificador quanto aos acontecimentos, mas dá um "medinho" ainda ao nos imaginarmos nessa situação que iremos passar. rsrs

    Grata, Rebeca do Amor

    ResponderExcluir
  6. Valeu pela dicas cara! Ajudou muito!

    ResponderExcluir