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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Parte 01. CASV e consulado. 2 dias em Recife.

No último final de semana fui até Recife para finalizar o processo do Visto de turismo para os EUA. Iniciei ele em 23 de janeiro pagando a taxa de U$$160 à agência e entregando as fotos 5x7. Pois é, nesse post irei falar como foram os dois dias, os locais que fui e a minha impressão sobre tudo isso.
imagem: VEJA
A águia vigilante americana



Sai de Aracaju às 5h40 de carro e cheguei em Recife às 12h no domingo. A viagem é meio cansativa mas fui dormindo boa parte dos 500km. A minha ida ao Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto (CASV) era às 17h, então ainda dava para aproveitar um pouquinho do hotel e da orla da praia de Boa Viagem, onde fiquei hospedado.
Por volta das 16h20 fui para o CASV, era pertinho (por volta de 1km), mas meu pai preferiu ir de carro. Chegando lá, a fila estava com umas 30 pessoas do lado de fora, isso 16h30! Pensei que ficaria ali até às 19h, puro engano.
Para estacionar foi fácil, o prédio fica numa área comercial e as lojas vizinhas tinham estacionamento na calçada e como era domingo estavam fechadas. Estacionamento livre aos domingos!
Não peguei amizade com ninguém na fila. Todos relatos que vejo sobre essa peregrinação tem sempre alguma amizade com o companheiro ou companheira da frente ou de trás, mas ou eu estava com cara de pouco amigos, ou todos estavam com caras de pouca conversa.
De inicio uma cidadã pernambucana com o sotaque bem arrastado foi passando pela fila observando se os documentos de cada um estavam corretos e dando um carimbo. Na minha frente estava um casal com um monte de passaportes e formulários DS-160. Depois descobri que eram seus e dos seus filhos, só que deu um problema com a foto dos filhos porque elas estavam amassadas e o fundo não era branco. Fui ver as minhas e adivinhem... Estava amassada com a marca do clipe (o fundo era branco). Pirei na hora. E a mulher da minha frente estava louca, ficou gritando no celular culpando sei lá quem e que ela ia pagar R$700 de novo para remarcar, e isso ainda na rua. Ela voltou para o final da fila, que já tinha aumentado atrás de mim. Não sei o final dessa história.
foto: Paullo Allmeida
CASV em Recife

Eu já não sabia o que fazer, MINHA FOTO ESTAVA MARCADA POR UMA MERDA DE UM CLIPE que coloquei para juntar os documentos. Ela chegou em mim e eu entreguei o passaporte, o formulário e a foto, já suando frio. Ai ela diz: Não é necessário foto, ela será tirada lá dentro. Fiquei aliviado. A funcionária perguntou meu nome e a minha idade, só que eu já estava menos tenso e percebi mais o sotaque arrastado dela e com isso comecei a rir do nada, na hora de responder a idade. Me controlei e consegui responder: dezessete.


Na fila do lado de fora comecei a analisar um pouco a situação. 30 homens, mulheres e crianças. Todos arrumados, com roupas de marcas caras e esbanjando algo como um falso glamour. E ao nosso lado, na avenida, havia pouco movimento de carros, mas os pedestres eram muitos. Eles vinham da praia naquele horário de domingo. Vendedores ambulantes também eram constantes e claro que todos passavam por ali olhando, curiosos com aquela situação. Fazendo comentários em voz baixa como: que povo besta. Ai comecei a observar a desigualdade econômica, social e cultural que temos no Brasil. Quantos não queriam estar ali naquela fila (mesmo sendo coisa de besta) com uma viagem marcada para a Disney? Não dava para evitar ficar instigado com o olhar de cada um que passava por ali.

Out Of Topic: Não foi somente nesse momento que observei a desigualdade. Durante a viagem passei por várias cidades do interior, e vi que a riqueza brasileira não é para todos. Enquanto Recife esbanjava prédios altos, caros e chiques, o interior dos estados que passei (SE, AL e PE) tinham casas simples e pessoas simples lutando para sobreviver. E mesmo em Recife ao lado desses prédios caros tinham moradores de ruas e casas simples. Um belo contraste. Tia Dilma e os próximos governantes terão muito trabalho pela frente!

Ao entrar no prédio do CASV o segurança te revista com um detector de metais. É permitido entrar com o celular, só que o mesmo tem que estar desligado.
Entrei eram 17h15, sem muito atraso. Lá dentro tem outra fila que acaba em um guichê, lá conferem o seu passaporte e o DS-160 (de novo). Outro pernambucano de sotaque arrastado me atendeu. Perguntou nome, data de nascimento, cidade, endereço, numero do RG, CPF, Telefone e outras coisas. Apenas para conferir com o cadastro no computador, porque dessas questões eu so acertei meu nome, data de nascimento e cidade. O endereço e o telefone, a agência colocou o dela (eu não sabia) e o numero do RG e CPF colocaram o da minha mãe (esses eu sabia). Mesmo errando tudo e falando a ele de onde era cada informação, ele aceitou e me mandou para a outra etapa. Claro que o nervosismo de dar algo errado tomou conta, mas foi mais tranquilo do que o episódio com a foto amassada.

O CASV é um lugar pequeno, as pessoas vão entrando pouco a pouco. Só ficam lá dentro ao mesmo tempo por volta de 10 a 15 solicitantes de visto.

Na outra etapa entrei em uma cabine e na sua frente, atras de um vidro, tem uma atendente brasileira (sem sotaque) que mandou eu ficar em pé (apesar de ter uma cadeira lá), atrás de mim tinha um fundo branco bem iluminado que ofuscava a minha visão (mas não o meu brilho) não permitindo que eu visse ela direito. Eram várias cabines estilo aquelas de presídios para visitas, muito tenso. Ela começou a me sabatinar. As perguntas eram apenas para confirmar as informações e com um adicional: O que você irá fazer lá? Respondi prontamente e gaguejando (como todas as outras perguntas): Turismo. E mais perguntas e mais dados digitados no computador e ela com o meu passaporte na mão. Próximo ao vidro tem uma folha de papel com um aviso em inglês e português que eu desviava o olhar tentando ler entre as perguntas e ele dizia algo como que eu estava ciente das informações prestadas e que elas estariam em poder do governo americano, e que ele usaria como bem entender.
Ainda na cabine ela coletou minhas digitais e depois tirei uma foto. Lindo e belo como sempre. E ela me relembrou que minha entrevista no consulado estava marcada para o outro dia às 7h da manhã.
Passaporte devolvido, saio do CASV pela porta dos fundos. Até ai tudo certo. A melhor parte vem amanhã, no consulado.

E isso irá ficar para a parte 02 desse post.

Até a continuação!

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